No processo de interação entre dentistas e paciente, a comunicação é fundamental. Sem uma comunicação adequada, pouco se pode conseguir da criança em termos de cooperação e aceitação ao tratamento odontológico. O quatro elementos essenciais para haver uma boa comunicação são (TOLEDO, 2012):

  1. Emissor (dentista).
  2. Mensagem, incluindo a expressão fácial e a linguagem corporal do emissor.
  3. Contexto ou ajuste no qual a mensagem é emitida.
  4. Receptor (criança).

Para que uma comunicação seja bem sucedida é preciso que esses quatro elementos sejam verdadeiros e consistentes, para que a mensagem que se pretenda passar não se diferencie do que é compreendido. A troca da informação em duas vias favorece o manejo do comportamento em uma via de comandos. Essa interação é chamada de “pedidos e promessas”. O medo pode ser classificado como direto (profissional dentista), indireto (profissional saúde) e subjetivo (medo criado sem experiencia negativa anterior) e a ansiedade como um receio de algo que ainda não aconteceu, já a frustração é um sentimento de impotência por algo que fez, que deu errado ou que ainda não conseguiu fazer.

Comunicação Não Verbal

A expressão facial e a linguagem corporal devem ser condizentes com a mensagem deste. Quando a linguagem corporal do profissional leva à incerteza, à ansiedade, ou à urgência, ele não irá conseguir transmitir confiança em suas habilidades clínicas.

O tripé da comunicação não verbal baseia-se nas seguintes mensagens que o profissional deve transmitir as crianças:

  1. Paciente visto como um indivíduo que terá suas necessidades atendidas.
  2. Profissional completamente preparado e altamente qualificado.
  3. Profissional é capaz de ajudar e não fará nada para ferí-lo.

Diga-Mostre-Faça (dizer-mostrar-fazer)

Deve ser usada em crianças acima de 2 anos de idade, que já possuam capacidade de compreensão e colaboração.

O profissional se apresenta e conduz à criança a cadeira odontológica, mostra que a cadeira sobe e desce e qual a finalidade desses movimentos. A seguir o profissional pode fazer a apresentação da luz e das seringas de ar e água. Passa-se então a apresentar os instrumentais clínicos, como o espelho, a sonda exploradora e pinça clínica.

O objetivo é estabelecer um ótimo relacionamento na consulta inicial, mostrar a criança que ela tem o controle da situação e sinalizar ao profissional com a mão quando se sentir incomodada.

Desta forma pode-se construir uma relação de confiança que possibilita a cooperação da criança, ao invés de fazê-la se sentir prisioneira podendo causar uma revolta.

Tratamento Postergado

Pode-se considerar o adiamento ou retardar do tratamento em casos em que o comportamento do paciente se torna histérico ou incontrolável. O profissional deve explicar os riscos e benefícios de tratamentos adiados ou alternativos e deve obter do pai ou responsável o consentimento informado.

Termo de Consentimento Esclarecido

É um documento escrito do qual o paciente ou o responsável por este declara sua anuência ao tratamento proposto, que deve ser assinado e anexado ao prontuário do paciente.

Controle de Voz

É uma alteração no tom ou do ritmo da voz para influenciar e dirigir o comportamento do paciente, com os objetivos:

  • Ganhar a atenção e a cooperação do paciente.
  • Prevenir o comportamento negativo ou a recusa da criança.
  • Estabelecer papeis apropriados na relação adulto-criança.

Fator Tempo

A duração do tratamento tem que ser preferencialmente curta para que não influencie o comportamento da criança. Tem-se preconizado que a duração do atendimento seja curta, limitadas entre 30 e 60 minutos.

Distração

É uma forma de desviar a atenção do paciente para que não seja percebido um procedimento desagradável, com o objetivo de:

  • Diminuir a percepção dos estímulos desagradáveis.
  • Evitar o comportamento negativo e de recusa.

Como exemplo podem ser utilizados projeções de filmes em DVD, reprodução da imagem da criança durante o atendimento.

Reforço Positivo

É uma técnica eficaz ao recompensar comportamentos desejados e fortalecer o retorno desses comportamentos. O reforço positivo é concedido a criança quando o dentista consegue realizar o objetivo previamente estabelecido. Pode ser verbal ou social, prêmios simbólicos (diplomas), adesivos e pequenos brindes.

Presença/Ausência Materna

A presença da mãe pode ser usada para se obter cooperação da criança durante o tratamento, porém existem alguns fatores que podem prejudicar, como o desvio da atenção da criança, pode atrapalhar os procedimento, interferência no entrosamento do dentista com a criança, contudo pode transmitir segurança a criança e fortalecer o vínculo.

Os objetivos da presença/ausência materna pode ser resumidos:

  • Ganhar a atenção e melhorar a colaboração.
  • Evitar comportamento negativo ou de recusa
  • Estabelecer papéis apropriados na relação dentista-criança
  • Minimizar a ansiedade e conseguir uma experiência positiva

Técnicas de Manejo Aversivas

As técnicas aversivas devem ser evitadas, inclusive em pacientes com necessidade especiais, pois irá vivenciar o fato como uma agressão, ocasionando o medo e no futuro fazendo com que a criança evite o dentista.

Como exemplo, existe a técnica da mão sobre a boca, que já foi amplamente ensinada em faculdades de Odontologia, em que o dentista fala baixinho e calmamente no ouvido da criança: “ fique calma, eu só quero conversar com você”, ao mesmo tempo em que amordaça a boca da criança com as mãos.

Estabilização Protetora e Contenção Física

As contenções podem ser realizadas com a ajuda dos pais e/ou auxiliares odontológicos. Deve oferecer segurança, com tempo limitado e jamais ser punitiva.

 

Referências

TOLEDO, O. A. Odontopediatria: fundamentos para a prática clínica. São Paulo: 4 Ed, Editora Medbook, 2012.