Microrganismos exercem um papel chave no desenvolvimento das patologias pulpares e perirradiculares e que o tecido pulpar necrosado, na ausência de infecção, não possui a capacidade de estimular, tampouco de sustentar, o desenvolvimento de uma lesão perirradicular. (Lopes; Siqueira Jr., 2004).

Fatores químicos e físicos podem induzir a uma patologia pulpar ou perirradicular, porém usualmente não são capazes de perpeturar o processo patológico.

Classificação:

  • Morfologia Celular (cocos, bacilos, espiroquetas);
  • Padrão de coloração ( Gram + azul arrocheada – e Gram – rosa vermelhada);
  • Relação com o oxigênio
    • Aeróbia (requer 21% de O2 para o crescimento);
    • Microaerófila (5% de O2, podem crescer com sua presença, porém a maior parte da energia é retirada de vias anaeróbias);
    • Anaeróbia facultativa (crescem na presença e ausência de O2)
    • Anaeróbia estrita (0 a 8% de O2)

As infecções endodônticas são mistas, com predomínio de anaeróbios estritos e bactérias proteolíticas.

  • Gram +: estafilococos, Estreptococos
  • Gram-: Pseudomonas, Escherichia (sintomáticas)

Anaeróbios Facultativos e Estritos

Localizadas em túbulos dentinários, interior de tecido degenerado, ramificações, istmos, lacunas de reabsorção e no interior de lesões, não sofrem os efeitos do oxigênio do ar atmosférico.

Dinâmica das Infecções Endodônticas

  • Estágio Inicial: Bactérias Facultativas (carboidratos)
  • 7 dias: 50% anaeróbios (aminoácidos e peptídeos)
  • 3 meses: 85% aneróbios
  • 6 meses: 90% aneróbios estritos (terço apical-nutrientes teciduais/tecidos degenerados/produtos metabólicos de outras células)

Vias de Infecção

A cárie e a polpa necrosada constituem uma fonte de irritantes microbianos que ao atingirem o periodonto desiquilibra o organismo, em favor do dente instalando um processo infeccioso. As toxinas, produtos metabólicos, endotoxinas, enzimas, ácidos graxos, compostos sulfurados alcançam a polpa antes dos próprios microrganismos. Porém, numa polpa sadia e jovem, a intensidade de resposta inflamatória depende da quantidade de bactéria, virulência e de seus produtos que atingiram a polpa em relação a capacidade do sistema de defesa do hospedeiro.

Quando a microbiota avança para a região perirradicular é acionada a resposta imunológica inespecífica com células inflamatórias e mediadores químicos e imunológica específica e com ela o sistema complemento que é um conjunto de proteínas ativadas em cascata originando produtos biologicamente ativos e células de defesa, como os linfócitos T-helper nos primeiros 15 dias, promovendo a reabsorção óssea e expansão da lesão e os linfócitos B, logo depois para defesa do hospedeiro.

Microrganismos que causam danos diretos:

  • enzimas (colagenase, hialuronidase, condroitnase, Dnase, Rnase, fosfotase ácida, hemolisina);
  • Exotoxinas e produtos metabólicos
  • Poliaminas: cadaverina e putrecina, dor a percussão.
  • Modulinas: peptoglicano, ácido lipoteicóico
  • Fimbrias: adesão; lipossacarídeos/endotoxinas

Microrganismos que causam danos indiretos

Ativam elementos de defesa do hospedeiro que levarão ao dano tecidual e aparecimento de lesões:

  • Macrófagos: sintetizam e liberam citocinas (IL-1 beta, TNF e IL-6)
  • Prostaglandinas: que são mediadores químicos envolvidos na reabsorção.
  • Proteinase: degradação de anticorpos como a imunoglobulina que serve de substrato para as bactérias;

A penetração em túbulos dentinários depende da anatomia, do tipo de bactéria e de fatores nutricionais. O colágeno tipo I da dentina facilita a adesão bactericida.

Exposição Pulpar

A principal via de acesso para a infecção é a exposição pulpar, que pode ocorrer em consequência da progressão de uma lesão de cárie, de forma iatrogênica ou em situações de trauma.

A lesão de cárie destrói o tecido dentinário, expondo a polpa aos MO e seus produtos presentes na lesão cariosa e na saliva.

Fatores:

  • Número e virulência dos microrganismos
  • Resistência ao hospedeiro
  • Estado de microcirculação
  • Grau de edema gerado a inflamaçãoo
  • Trauma: 48 horas
  • Iatrogenia (assepsia, medidas e tratamentos restauradores)

Túbulos Dentinários

Devido a exposição da dentina por perda de esmalte e cemento, os produtos de bactérias como enzimas, toxinas difundem-se pelo fluído dentinário e alcançam a polpa.

Bacteremia e Septicemia

Ocorre pela extensão de infecção periapical de dentes adjacentes e pela corrente sanguínea.

Periodonto

Nas lesões perioendodônticas, a infecção bacteriana da bolsa periodontal associada a perda de inserção e exposição radicular pode penetrar nos canais acessórios, resultando em necrose pulpar. No caso de uma doença periodontal avançada, a infecção pode atingir a polpa por meio do forame apical.

Fatores: Forames laterais associados a ramificações do canal (canal lateral) – 27% em pré-molares e molares no terço apical. Pode causar fibrose, calcificação ou dentina reparadora.

Anacorese Hematogênica

Fenômeno definido como a atração que tecidos inflamados, debilitados ou necrosados exercem sobre bactérias presentes na circulação sanguínea durante uma bacteremia. Essas bactérias passam a colonizar estes tecidos alterados causando um processo infeccioso.

Fatores:

  • Trauma (tecido necrosado=rompimento de vasos apical e lateral (sulco gengival = bacteremia)

Fatores Determinantes Ecológicos que Influenciam no estabelecimento da Microbiota de uma Região:

  • Oxigênio
  • Nutrientes Disponíveis
  • Interação Bacteriana
  • Presença de Receptores apropriados para adesão bacteriana
  • PH do microambiente
  • Mecanismo de defesa do hospedeiro