O Sistema Protaper foi desenvolvido pelos Drs. Clifford Ruddle (EUA), John West (EUA) e Pierre Machtou (França) com a ajuda dos engenheiros da Denysplay Maillefer, Francois Aeby e Gilbert Rota. É composto por limas de Níquel Titânio, material que lhe confere maior resistência, flexibilidade e durabilidade.

Fundamentalmente, essa técnica consiste em se desenvolver, de início, o preparo do canal em sua maior extensão no sentido coroa-ápice. Nesse sistema, cada lima possui conicidades múltiplas e progressivas ao longo da parte ativa, permitindo a criação de dois diferentes instrumentos, Shaping e Finishing Files. A concidade múltipla e progressiva tem por objetivo reduzir a fadiga do instrumento fazendo com que menor área deste contate as paredes do canal radicular, reduzindo a possiblidade de fratura.

As limas shaping Files (SX, S1 e S2) são utilizadas nas modelagens do terço cervical e médio, tendo as duas últimas a característica de alargar o terço apical e as Finishing Files (F1, F2 e F3), para a finalização do preparo apical. Todas essas limas possuem cabo de silicone, proporcionando maior conforto, sensibilidade táctil e menor fadiga.

A técnica do Portaper manual dispensa o uso de instrumentos foraminais e escalonamento, devido ao desenho das limas que apresentam coninidades diferentes no mesmo instrumento, produzindo dessa forma o escalonamento.

Lima SX (laranja)

A lima SX possui comprimento de 19 mm com 14 mm de parte ativa com cabo alaranjado. É denominado instrumento modelador auxiliar e deve trabalhar nos terços cervical e médio do canal. Possui 9 conicidades constantes (2%) crescentes entre o D0 e D14. Possuem diâmetros em D6, D7, D8 e D9 semelhantes aos diâmetros das Gates-Glidden 1, 2, 3 e 4. É utilizada na medida do CPT 1 ( C.A.D. – 4), em movimento rotatório oscilatório (horário e anti-horário), até conseguir realizar o giro completo (360 graus).

Lima S1 (roxa)

A shaping file S1 trabalha no terço coronário do canal radicular, com cabo roxo, possui três comprimentos: 21, 25 e 31 mm.

Lima S2 (branca)

A lima shaping file S2 prepara o terço médio e possui cabo branco.

Limas de Acabamento

As limas de acabamento são empregadas para dilatar o diâmetro do preparo apical e para obter uma conicidade adequada e progressiva dos terços apical e médio do canal radicular. As limas Finishing F1 (cabo amarelo), F2 (cabo vermelho) e F3 (azul) são usados na altura do forame e as limas F4 (cabo preto) e F5 (mandril de cor amarela) são indicadas para realizar o preparo apical de canais amplos na altura do forame.

Limas Manuais Potaper

Preparo do Terço Cervical e MédioPreparo do Terço ApicalRefinamento do Terço apical
SX - Cabo LarajnaS1 - Cabo RoxoF1 - Cabo Amarelo
S2 - Cabo BrancoF2 - Cabo Vermelho
F3 - Cabo Azul

Protocolo Clínico Sistema Protaper

  1. Tomada dos raios-x para verificar a localização da câmara pulpar, a anatomia interna e a angulação das raízes
  2. Obter a medida do CAD (comprimento aparente do dente) na radiografia inicial, do limite coronário da imagem radiográfica até a outra extremidade apical.
  3. Obtenção do CPT1 (comprimento provisório de tratalho): CAD – 4 mm.
  4. Isolamento absoluto
  5. Neutralização da câmara pulpar através de irrigação aspiração e inundação com hipoclorito de sódio a 2,5%.
    1. Utilizar: seringa rosqueável, agulhas navtips, agulhas ENDO EZE (irrigação lateral) e pontas Capillary Tips.
  6. Cateterismo
    1. Utilizar limas k especiais de #10 ou #15 até o limite do CPT1.
    2. Objetivo: desalojar restos pulpares e/ou necróticos e localizar e explorar a entrada dos condutos radiculares.
    3. Movimento: penetração e oscilatório com giro no sentido horário e anti-horário com pequenos avanços e pequenos retrocesso
  7. Preparo Cervical e Médio
    1. Preencher o canal com EDTA gel.
    2. Utilizar a lima Protaper SX de forma passiva apenas no terço cervical para realizar o pré-alargamento cervical até encontrar resistência (no preparo básico clássico eram utilizadas as brocas Gates-Glidden) na medida do CTP1.
    3. Movimento: Oscilatório no sentido horário (1/4 de volta) até encontrar resistência e girar no sentido contrário para a retirada da lima, até permitir giros contínuos à direita (sentido horário) sem forçar.
  8. Realização da Odontometria
    • Após a penetração da lima do tipo K conforme a medida do CPT2 (CAD – 2 mm) que permaneça justa no canal, realizar a tomada radiográfica.
    • Entre cada troca de instrumento realizar abundante irrigação dos canais radiculares
    • Calcular a medida do DAI (distância – ápice – instrumento)
      • Medida adequada: DAI = 1 mm de distância do ápice
      • Medida Nula: DAI = 0 (zero)
      • Medida Inadequada: DAI ultrapassa o ápices ou a medida do DAI maior que 1 mm.
    • Obter o Comprimento Real do Dente (CRD = CRI (CPT2) + DAI).
    • Estabelecer o comprimento Real de Trabalho (CRT = CRD – 1 mm).
    • Registrar os dados na ficha clínica endodôntica
  9. Irrigar abundantemente o canal radicular, deixando-o repleto com a solução irrigadora compatível com o caso.
  10. Inicia-se o preparo apical com a utilização da lima manual protaper S1 (cabo roxo) no medida do CRT.
    • Movimento: Oscilatório no sentido horário (1/4 de volta) até encontrar resistência e girar no sentido contrário para a retirada da lima, até permitir giros contínuos à direita (sentido horário) sem forçar.
  11. Inicia-se o preparo apical com a utilização da lima manual protaper S2 (cabo branco) na medida do CRT.
    • Movimento: Oscilatório no sentido horário (1/4 de volta) até encontrar resistência e girar no sentido contrário para a retirada da lima, até permitir giros contínuos à direita (sentido horário) sem forçar.
  12. Entre cada troca de instrumento realizar abundante irrigação dos canais radiculares.
  13. Utilização das limas de acabamento F1 (cabo amarelo) e F2 (cabo vermelho) com o objetivo de obter a conicidade adequada e progressiva do terço apical  e refinar o preparo na medida do CRT.
  14. Após o uso da lima F2, utilizar uma lima K (#25) na medida do CRT, caso a lima fique bem adaptada, seca-se o canal com alcool absoluto seguida por aspiração  e secagem com cone de papel absorvente estéril F2, do sistema protaper. Se a lima #25 ficar folgada, continua-se a sequência do preparo até F3 ou mais.
  15. Concluído o prepraro, realizar o teste para a escolha do cone de gutapercha, sendo este, único e com a mesma numeração da ultima lima utilizada.
  16. Descontaminar o cone de guta percha em hipoclorito de sódio a 2,5% por 1 min e seca-lo com gaze.
  17. Inserir o cone no canal radicular, fazer a inspeção visual e tátil (deve estar bem justaposto) e em seguida a tomada radiográfica.
  18. Preencher o sistema de canais com 5 ml de EDTA líquido , agitar por 3 min com o cone selecionado. Irrigar com 5 ml de hipoclorito de Sódio e aspirar com as pontas plásticas capillary tips.
  19. Irrigar o sistema de canais com 1ml de álcoolabsoluto
  20. Secar o canal com cone de papel absorvente estéril
  21. Iniciar a obturação dos canais inserindo o cone selecionado envolvido no cimento endodôntico já preparado, com movimentos de bombeamento para evitar o surgimento de bolhas de ar.
  22. Realizar o corte do excesso do cone de guta percha e em seguida realizar a condensação vertical com o instrumental Calcador Paiva, alternando com o quente e frio.
  23. Conferir o nível da obturação: posicionar uma pinça clínica aberta com um mordente no interior da câmara, até tocar a obturação e o outro, na coroa, por vestibular, até passar da linha cervical. Condensar a obturação com calcador frio.
  24. Limpar a câmara com bolinha de algodão embebida em hipoclorito de sódio, para a remoção de todos os resíduos de cimento, evitando assim, o escurecimento coronário após o tratamento endodôntico.
  25. Realizar a tomada radiográfica final.