A restauração estética tem como objetivo restaurar e reconstruir dentes que sofreram lesões, seja por cárie, trauma, abfração, corrosão, abrasão, atrição e melhorar, em curto prazo, a harmonia do sorriso do paciente e tem sido cada vez mais procurada e praticada nos últimos anos, uma vez que os materiais restauradores evoluíram positivamente em relação a adesividade e reprodução das características dos dentes naturais. O fechamento de diastemas é a restauração estética que melhora a harmonia do sorriso e ainda protege a gengiva contra o impacto alimentar.
Os diastemas são espaços ou ausência de contato entre dois ou mais dentes consecutivos, a sua etiologia pode estar relacionada a anomalias de tamanho e forma dos dentes, estruturas ósseas anormais e alguns fatores, que podem contribuir para os diastemas congênitos ou adquiridos, como, freio labial persistente, hábitos nocivos, fusão imperfeita da linha média, overbite acentuado, agenesias, dentes supranumerários, odontomas, cistos e fissuras palatais. Podem ocorrer em qualquer lugar na arcada superior ou inferior, mas prevalece principalmente entre os incisivos centrais superiores. A presença do diastema pode interferir na harmonia do sorriso tanto funcionalmente com migrações patológicas, como periodontalmente através da falta de proteção da gengiva subjacente causada pela ausência de ponto de contato. Quando presente nos dentes anteriores esteticamente ocorre uma desarmonia e podem ocorrer problemas de dicção.
É importante diferenciar o diastema fisiológico, como o que ocorre na dentição decídua e mista, do patológico. Na dentição mista, antes da irrupção dos caninos superiores permanentes, nenhum tratamento deve ser realizado, entretanto em alguns casos requer o fechamento precoce: (1) Quando não existe espaço suficiente entre os incisivos centrais permanentes e os caninos decíduos para a irrupção dos incisivos laterais permanentes, (2) Na presença de hábitos persistentes de sucção, onde ocorre a inclinação das coroas dos incisivos centrais para distal e criando uma convergência apical, levando a um aumento demasiado na dimensão do diastema inter-incisivos.
Nos casos de diastemas patológicos o tratamento indicado inicia-se com a devida remoção do fator etiológico e posterior reabilitação. Porém, diastemas de origem étnica ou genética quando bem tolerados do ponto de vista estético pelo paciente não necessitam de tratamento (MONDELLI et al., 2003).
Em relação as opções de tratamento para o diastema, são várias, que podem ser desde o tratamento ortodôntico, restaurações diretas com resinas composta (técnica de mão livre ou guia/matriz de silicone) e restaurações diretas ou indiretas com facetas ou coroas totais e ainda uma relação multidisciplinar envolvendo as áreas dentística, periodontia, implantodontia e prótese.
A movimentação ortodôntica por si só não é capaz de promover um fechamento adequado dos diastemas nos casos de discrepância dento-esquelética, mas pode ser bastante útil para redistribuir os espaços em proporções que visem auxiliar na eliminação de hábitos deletérios quando for o caso (FURUSE et al., 2008). A mecânica ortodôntica para esses casos é um procedimento simples e deve buscar a redução do comprimento do arco, porém a maior dificuldade encontra-se em obter estabilidade do tratamento realizado (ALMEIDA et al., 2004).
A frenectomia muitas vezes pode ser necessária quando há excesso de tecido comprimido na região interincisiva (PROFFIT, 2008), e em alguns casos a gengivoplastia pode ser recomendada para otimização dos resultados estéticos (CHU et al., 2001).
A técnica direta com resina composta para o fechamento de diastemas pode ser uma excelente alternativa. As principais vantagens são tais como a preservação da estrutura dental e maior simplicidade da técnica, quando comparado às restaurações indiretas e próteses fixas (FURUSE et al 5, 2008). Além disso, o procedimento de união da resina composta é obtido em esmalte, favorecendo assim a durabilidade da união (BRESCHI et al 2, 2008). Atualmente existem no mercado resinas de excelente qualidade que apresentam boa estabilidade de cor, resistência ao desgaste superficial, opacidade adequada, cores diversificadas, o que favorece o resultado estético final e a durabilidade do resultado obtido. Contudo, as resinas apresentam desvantagens inerentes como instabilidade de cor, desgaste e contração de polimerização, o que pode resultar em restaurações de curta longevidade (BARATIERI, 2002).
Referências Bibliográficas
Baratieri LN. Odontologia Restauradora – Fundamentos e Possibilidades. São Paulo: Santos; 2002.
Furuse AY, Franco EJ, Mondelli J. Esthetic and functional restoration for an anterior relationship with multiple diastemata: a multidisciplinary approach. J Prosthet Dent 2008; 99(2): 91-4.
Breschi L, Mazzoni A, Ruggeri A, Cadenaro M, Di Lenarda, R, Dorigo, ES. Dental adhesion review: Aging and stability of the bonded interface. Dent Mat 2008; 24: 90- 101.
Almeida RR, Garib DG, Almeida-Pedrin RR, Almeida MR, Pinzan A, Junqueira MHZ. Diastemas interincisivos centrais superiores: quando e como intervir? Ver Dental Press Ortodon Ortop Facial 2004; 9(3): 137-56.
Chu FC et al. Management of median diastema. Gen Dent 2001; 49: 282-7.
Proffit WR, Fields HW, Sarver DM. Plano de tratamento ortodôntico: da lista de problemas ao plano específico. Ortodontia Contemporânea. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2008.
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