Em uma arcada parcialmente desdentada existem inúmeras possibilidades de combinações entre os dentes presentes e os espaços protéticos. Segundo Cummer (1921), existem 65 mil combinações para cada arco. A classificação topográfica é em relação a distribuição dos dentes remanescentes e os espaços desdentados (espaços protéticos) e a classificação biomecânica é em relação a forma em que os esforços mecânicos serão transmitidos pela Prótese Parcial Removível (PPR) e recebidos pelas estruturas biológicas, respeitando os 3 princípios biomecânicos: retenção, suporte e estabilidade.
A classificação das arcadas parcialmente desdentadas deveriam satisfazer os seguintes requisitos:
- Possibilitar uma visualização imediata do tipo de arcada parcialmente desdentada que está sendo considerada.
- Possibilitar a diferenciação imediata entre a prótese dento-suportada e dento-mucoso-suportada.
- Ser universalmente aceita.
Classificação de Kennedy (1925)
Várias classificações têm sido propostas e utilizadas, atualmente, o método de kennedy é provavelmente a classificação mais amplamente aceita. O método de classificação de Kennedy foi originalmente proposto pelo Dr. Edward Kennedy em 1925. Ele tenta classificar as arcadas parcialmente desdentadas de um modo que sugere certos princípios de desenho da prótese para cada situação:
- Classe I: área desdentada bilateral, localizada posterior aos dentes naturais (dento-muco-suportada).
- Classe II: área desdentada unilateral, localizada posterior aos dentes naturais (dento-muco-suportada).
- Classe III: área desdentada unilateral intercalada com os dentes naturais, tanto posterior como anterior (dento-suportada).
- Classe IV: área desdentada bilateralmente anterior aos dentes naturais, cruzando a linha média.
Em 1935 Applegate sugeriu oito regras para controlar a aplicação do método de Kennedy:
- A classificação deve ser feita após quaisquer extrações de dentes que possam alterar a classificação original.
- Se um terceiro molar está faltando e não é para ser substituído, ele não é considerado na classificação.
- Se um terceiro molar está presente e será utilizado como suporte, ele é considerado na classificação.
- Se um segundo molar está ausente e não será substituído, ele não é considerado na classificação (p. ex., se o segundo molar oposto também está ausente e não vai ser substituído).
- A área desdentada mais posterior (ou áreas) sempre determina a classificação.
- Áreas desdentadas com exceção daquelas que determinam a classificação são denominadas modificações e são designadas por seu número.
- A extensão da modificação não é considerada, apenas o número de áreas desdentadas adicionais.
- Áreas de modificação não podem ser incluídas nas arcadas Classe IV.
Classificação segundo Kennedy (1925)
Classe I | |
Classe I | Classe II |
Classe III | em Classe IV |
fonte: Frank Kaiser - PPR No Laboratório |
Classificação de Cummer (1921)
A classificação de Cummer, diferentemente de Kennedy (classificação topográfica), leva em consideração as bases biomecânicas na elaboração do planejamento: o tipo de suporte (misto dental e fibromucoso) e na colocação dos retentores diretos e secundariamente, na colocação dos retentores indiretos. Quando o suporte é dento-muco-suportada ocorre a realização movimento de rotação e na dento-suportada não existe movimento, baseando-se na localização dos retentores diretos.
As classes I e II são de suporte misto dental e fibromucoso e podem sofrer movimentos rotacionais (alavanca), necessitando de retentores indiretos. As classes III e IV são exclusivamente dento suportadas, sem possibilidade de rotação e não necessitam de retentores indiretos.
Segundo Cummer (1921), classificam-se como:
- Classe I ou diagonal, 2 retentores dispostos diagonalmente no arco.
- Classe II ou diametral, 2 retentores diretos opostos diametralmente no arco.
- Classe III ou unilateral, 2 ou mais retentores diretos colocados no mesmo lado do arco.
- Classe IV ou multilateral, 3 ou 4 retentores diretos em relação triangular ou quadrangular no arco.
Classificação segundo Cummer (1921)
Classificação de Wild (1933)
Assim como Cummer (1925), Wild (1933) não considera a classificação tipográfica e sim as bases biomecânicas, considerando apenas se após a sua instalação resultará em movimentos de alavanca.
Divide-se em:
- Classe I: próteses que podem possuir alavancas posteriores ou anteriores: classe I, II e IV de Kennedy (1923).
- Classe II: próteses totalmente dento-suportadas sem espaços intercalares.
- Classe III: próteses mistas e podem ter espaços intercalares e extremidades livres.
Classificação segundo Wild (1933)
Referências
McGarry T.J., Nimmo A., Skiba J.F., et al. Classification system for partial edentulism. J Prosthodont . 2002;11(3):181-193.
McGIVNEY, G. P., CASTLEBERRY, D.J. Prótese parcial removível de McCracken 12ª Ed. São Paulo: Artes Médicas, 2011. (3)
FIORI, S. R. Atlas de Prótese Parcial Removível. Livraria Pancast, 4ª Edição Ampliada, 1993
KLIEMANN, Claudio; Oliveira, Wagner. Manual de Prótese Dentária. Livraria editora Santos, 1ª Edição, 1999