A oclusão balanceada bilateral é tida como o esquema oclusal ideal para prótese total, e consiste na obtenção de pontos de contato bilaterais e simultâneos entre os antagonistas, tanto em relação cêntrica quanto nos movimentos extrusivos.
Na lateralidade há, no mínimo, três pontos de contato, um no último molar e outro no canino, no lado de trabalho, e outro no ultimo molar do lado de balanceio. Assim, forma-se um tripé de equilíbrio. O mesmo deve acontecer na protrusão, onde há pelo menos um ponto de contato na região dos incisivos e dois na região posterior, no último molar de cada lado.
Entre as vantagens de uma oclusão balanceada em protese total, encontram-se: a distribuição racional das forças pela área chapeáveis, prevenção de rotações e deslocamentos da prótese, favorecimento da estabilidade e retenção, maior eficiência mastigatória, prevenção de trauma ao tecidos de suporte, preservando o rebordo alveolar remanescente e consequentemente maior conforto ao paciente.
Para que seja possível ocorrer um balanceamento adequado na oclusão, segundo Tamaki (1979), é necessário que a montagem dos dentes artificiais seja em uma curva ascendente, denominada de curva de compensação. A obtenção dessa curva pode ser através de um método mecânico ou fisiológico.
No método mecânico a curva é obtida no articulador, como por exemplo, preconizado por Christensen e Monson, sendo a conformação da curva no plano de cera no articulador, antes da montagem dos dentes (curva de spee). A curva de compensação inicia-se na altura dos caninos e segue-se no sentido ântero-posterior e vestíbulo-lingual.
No sentido anterior (guia anterior) é denominada curva de Spee e no sentido vestíbulo lingual, relaciona-se com a inclinação da parede interna da cavidade e com os movimentos laterais e láteros protusivos da mandíbula, sendo conhecida como curva de Monson ou Wilson.
A falta dessa curvatura haverá perda de contato entre os arcos superior e inferior nas regiões posteriores, tanto durante a protrusão (fenômeno de Christensen), como também nos movimentos de lateralidade, dificultando o balanceamento da prótese (TAMAKI ,1979).
No método fisiológico, preconizado por Paterson, a curva é obtida no paciente após a realização de movimentos utilizando a técnica de desgaste de Paterson:
- Individualização dos planos de cera
- Plaqueta de Spee
- Abertura das canaletas oclusais
- Preparo da mistura abrasiva
- Acomodação da mistura abrasiva
- Orientar paciente
- Individualização das curvas através dos movimentos manipulares
- confirmação clínica do desgaste
Contra-indicações ao desgaste de Paterson
- Pacientes monomaxilares
- Pacientes idosos
- Pacientes com dificuldades motoras para realizar o desgaste
Relação Cêntrica
A relação cêntrica, no conceito atual, é a posição mais anterior e superior não forçada dos côndilos na cavidade glenóide. É reproduzível, confortável e permite o normal funcionamento do sistema estomatognático, que independe da presença de dentes, sendo a posição de referência para os pacientes desdentados total. Como requisitos prévios para obter a relação cêntrica nas próteses totais, considera-se (RUSSI, et al, 2014):
- Bases de prova estáveis
- Dimensão vertical de oclusão estabelecida
- Curva de compensão obtida
- Paciente calmo e com a musculatura relaxada
Como métodos, para a obtenção da relação cêntrica:
- Fisiológicos
- Métodos de deglutição
- Contração dos músculos temporais
- Levantamento da língua, seguido de fechamento da boca
- Manipulação da mandíbula
- Mecânicos
- Extra-orais
- Com uma ou duas puas
- Pressão esquilibrada
- Intra-orais
- Pua Central
- Puas Periféricas
- Pantógrafo
- Extra-orais
A importância da RC para a prótese total é:
- Única posição de transferência com segurança
- Ponto de partida para reabilitação da articulação dentária em PT
- Base para o balanceio oclusal
- Assegura maior estabilidade ao aparelho protético
- Assegura maior poder de trituração e dilaceração alimentar
- Preserva os rebordos alveolares.
Dificuldades no Registro da RC na Prótese Total:
- Indivíduos surdos
- Nervosos , débeis e muito idosos
- Desdentados a muito tempo
- Pessoas que extraíram a muito tempo os dentes posteriores
- Uso de dentaduras com falsa RC
- Antigas dentaduras desgastadas
- Classe III de Angle
Oclusão em Relação Centrica (ORC) ou Oclusão Cêntrica (OC)
É o maior número de contatos dentários com os côndilos na posição de relação cêntrica, obtida após o ajuste oclusal por desgaste ou acréscimos seletivos, presente em 10% da população e nas reabilitações orais por prótese totais duplas.
Curva de Spee
A Curva de Spee é uma linha curva no sentido ântero-posterior que tangencia as pontas de cúspides vestibulares dos dentes posteriores e as bordas incisais dos incisivos. Essa curva foi descrita por Von Spee, em 1890, como côncava, no nível dos dentes inferiores, e convexa, no nível dos dentes superiores, sendo o ponto mais inferior a ponta da cúspide mésio-vestibular do primeiro molar inferior. Em prótese total é utilizado para o registro da inclinação da curva de compensação.
Curva de Wilson
Em 1911, Wilson G. H. verificou que os dentes inferiores posteriores apresentavam inclinação para lingual, observada como sendo uma linha que tangencia a curvatura oclusal através das pontas das cúspides vestibulares e linguais dos dentes inferiores posteriores no sentido transversal. Quanto mais acentuada a curva de Wilson, mais inclinado para a lingual estará o plano oclusal dos molares inferiores, estando as cúspides cêntricas dos molares – cúspides vestibulares – mais altas em relação às cúspides linguais. É utilizado em prótese total para o registro da inclinação da curva transversa.
Referências Bibliográficas
VELLINI, F. Ortodontia: Diagnóstico e planejamento clínico, 7ª ed. São Paulo 2008.
TAMAKI T. Dentaduras Completas. São Paulo: Savier, 1979
RUSSI et al. Prótese Total e Prótese Parcial Removível – Série Abeno: Odontologia Essencial – Parte Clínica. 1 Ed. , 2014