Além do correto e cuidadoso planejamento protético e cirúrgico, um dos motivos de sucesso no tratamento reabilitador com prótese sobre implantes é a adequada adaptação passiva dos componentes protéticos. A técnica de moldagem e o material utilizado, irá influenciar diretamente na precisão dos detalhes anatômicos e na transferência dos componentes protéticos para a obtenção do modelo de trabalho.

O desajuste da prótese, devido a uma moldagem inadequada, pode acarretar em prejuízo biológico, favorecendo o acúmulo de biofilme. Neste caso causará inflamação e irá afetar tecidos moles e/ou duros ao redor do implante. Outras complicações que estão diretamente relacionadas ao desajuste, estão o afrouxamento do parafuso, fratura do parafuso e problemas na oclusão. Quanto não ocorre um perfeito assentamento da prótese, o parafuso passa a receber toda a carga. Apesar de ser improvável em conseguir uma adaptação plena da prótese, é necessário que esse desajuste possa ser minimizado (LEE et al., 2008).

Dentre os materiais de moldagem, o silicone polimerizado por adição é o que melhor apresenta estabilidade dimensional, excelente capacidade de cópia e boa resistência ao rasgamento. Possui característica de tixotropismo, que é a estabilidade de escoamento quando submetido a pressão durante a moldagem, impedindo o extravasamento do material de moldagem da moldeira.

O modelo de trabalho pode ser obtido com o uso de moldeiras de estoque ou individuais (única consistência) com a utilização da técnica da moldeira fechada indireta (transferência) ou moldeira aberta direta (arrasto). Como componente protético, são utilizados os intermediários protéticos, chamados de transfers ou transferente. Estes podem ser do tipo cônico ou redondo (moldeira fechada), quadrado (moldeira aberta) e coping de transferência (moldeira aberta e fechada).

O transferente deve estar perfeitamente adaptado ao implante antes de realizar a moldagem. Um radiografia periapical pode ser utilizada para verificar essa adaptação. Os transferentes cônicos possuem design não retentivo e são removidos dos implantes ou dos intermediários após a moldagem (indireta) para ser fixado na peça análoga (análogo) e posteriormente no interior do molde, sendo posicionado como se estivesse em boca. Os transferentes quadrados para moldeira aberta (direta), possuem design retentivo para serem removidos com o molde após a desparafusagem do implante ou do intermediário da boca. Em seguida o análogo é posicionado no molde e parafusado (MISCH, 2008; BLOCK et al., 2012).

Na confecção de um protocolo os transferentes são unidos com resina durante a moldagem, o que possibilita fidelizar melhor o posicionamento dos análogos em relação ao implante. Segundo Silva et al. (2008) em um estudo bibliográfico, a técnica da moldeira fechada é mais indicada para implantes unitários ou de até 3 elementos não adjacentes. A técnica da moldeira aberta (arrasto) apresenta melhor precisão com relação a moldeira fechada (transferência). É indicado unir os transferentes na moldadem aberta para possibilitar maior precisão, de maneira que os transfers permaneçam estabilizados dentro do material de moldagem. A união pode ser realizada com resina acrílica e fio dental, barras pré-fabricas ou resina composta. Os autores concluíram que a técnica de moldagem de arrasto com transferentes quadrados unidos por meio de barras pré-fabricadas com resina auto ou fotopolimerizável, associada a um material elastomérico (poliéter ou silicona por adição), permite uma reprodução precisa, contribuindo dessa forma para uma adaptação protética passiva.

 

Referências

LEE H, Ercoli C, Funkenbusch PD, Feng C. Effect of subgingival depth of implant placement on the dimensional accuracy of the implant impression: an in vitro study. J Prosthet Dent ;99(2):107-13; 2008.

BLOCK, S. Michael; Atlas Cirúrgico na Implantodontia. São Paulo: Editora Elsevier, 3º ed., 2012

MISCH, Carl E. Implantes Dentais Contemporâneos. Ed Santos, 3ª. Ed – 2008

Silva MM, Mima EGO, Del’Acqua MA, Segalla JCM, Silva RHBT, Pinelli LAP. Técnicas de moldagem em prótese sobre implantes. Rev Odontol UNESP;37(4):301-8. 2008.