Em prótese total, a moldagem tem por objetivo reproduzir em negativo toda a superfície da área de suporte e dos tecidos periféricos. Como a área de suporte é recoberta por tecidos moles com estrutura histológica, espessura, rigidez e compressibilidade variadas, observam-se áreas que podem ser comprimidas e áreas que não toleram compressão durante a moldagem.
Conceitos
Moldeira
É um dispositivo que acondiciona e conduz o material de moldagem à boca do paciente. Deve ser selecionada de acordo com a sua função e o tipo de arcada do paciente (desdentados totais e parciais, completamente dentados). Tipos de Moldeiras: aço, alumínios e plásticos perfuradas.
Moldagem
É o ato de levar a moldeira em uma determinada área da boca do paciente. Existem basicamente 3 tipos de moldagem: anatômica, funcional e transferência.
Molde
É o negativo da moldagem, que vai permitir a criação do modelo.
Modelo
É o resultado positivo do vazamento do molde obtido na moldagem.
Estruturas Anatômicas
A área de suporte apresenta-se revestida pela mucosa de revestimento e mucosa mastigatória.
A mucosa de revestimento, reveste as áreas que estão sujeitas a movimento, como o ventre da língua, a face interna dos lábios e bochechas, soalho da boca e vestíbulo. É pouco queratinizada, fina, vascularizada e móvel.
A mucosa mastigatória corresponde a gengiva que recobre os da rebordos da maxila e da mandíbula e reveste o palato duro. É bem queratinizada e aderida ao osso, com espessura e resiliências variadas.
Maxila
Na base óssea é formada pelas apófises alveolares dos ossos maxilares e pelas lâminas horizontais dos processos palatinos, notando-se o forame incisivo, papila incisiva, rugosidades palatinas, rafe palatina e forames palatinos. Perifericamente, observam-se o frênulo do lábio, vestíbulo e sulco labial, freios laterais, vestíbulo e fundo do sulco vestibular, tuberosidades, sulco do hámulo pterigoideo, palato mole e fóveas palatinas.
Os músculos e estruturas relacionados a área periférica da prótese total é o orbicular do lábio, levantador do lábio superior e da asa do nariz, zigomático maior e menor, bucinador, ligamento esfenomandibular, levantador do véu palatino e tensor do véu palatino.
Mandíbula
A base óssea corresponde ao rebordo alveolar, com os forames mentuais, notando-se o freio labial, vestíbulo e sulco labial, freios laterais, vestíbulo e sulco vestibular, linha oblíqua externa, linha milo-hióidea, soalho da boca, sulco lingual, glândulas sublinguais e frênulo da língua.
Os músculos e estruturas relacionados a área periférica da prótese total é orbicular do lábio, mentual, abaixador do lábio inferior, abaixador do ângulo da boca, bucinador, masseter, temporal, palatoglosso, milohióideo e genioglosso.
Zonas de suporte
- Zona de suporte principal: Recebe diretamente as cargas mastigatórias. Na maxila e mandíbula correspondem à crista do rebordo alveolar.
- Zona de suporte secundário: Atua como coadjuvante na recepção das cargas mastigatórias. Na maxila compreende as porções laterais do palato duro e na mandíbula envolve as vertentes vestibulares e linguais do rebordo.
- Zona de selado posterior: na maxila e localiza-se na área limite entre o palato duro e mole.
- Zona de selado periférico: compreende a faixa entre 2 e 3 milímetros que acompanha o fundo de sulco vestibular e lingual. É área de vedamento que corresponde às bordas da prótese.
- Zona de alívio: são áreas que não podem ser comprimidas pela prótese. Na maxila há o forame incisivo, a papila incisiva, as rugosidades palatinas, a sutura palatina. Na mandíbula devem ser aliviados os forames mentuais, as cristas ósseas afiladas, rebordo em forma de faca e rebordos flácidos.
Delimitação da área de suporte
Com o lápis cópia, delimita-se a área de suporte no modelo preliminar.
Na maxila, devem-se aliviar os freios, ficar de 2 a 3 mm aquém do fundo dos sulcos labial e vestibular, contornar as tuberosidades, passar pelos sulcos hamulares e, na região do selado palatino, acompanhar o limite entre o palato duro e mole, cobrindo as fóveas palatinas.
Na mandíbula, a delimitação também envolve o alívio dos freios, ficando 3 mm aquém do fundo dos sulcos labial e vestibular e sobre as linhas obliquas externas, contornar as papilas retromolares, penetrar nas fossas retromolares, acompanhar a linha milo-hióidea, ficando de 2 a 3 mm aquém do sulco lingual.
Moldagem Anatômica
É a reprodução das estruturas necessárias para o estudo do caso. É realizada com moldeira de estoque selecionada e tem o objetivo de reproduzir os detalhes anatômicos da área de suporte e dos tecidos periféricos para a confecção do modelo de estudo. Os materiais mais utilizados são as godivas e os hidrocolóides irreversíveis (alginatos). As godivas são indicadas para rebordos com poucas retenções e fibromucosa firme e aderida e os alginatos para qualquer tipo de rebordo e fibromucosa. Na moldagem anatômia pode-se utilizar dupla moldagem com alginato para obter o afastamento dos tecidos moles e remover imperfeições.
Moldagem Funcional
É o modelo de trabalho, preciso, para executar o trabalho final. É feita com a moldeira individual ajustada e delimitada, é uma moldagem dinâmica, reproduzindo os movimentos das inserções musculares, com o objetivo de copiar com fidelidade todos os detalhes anatômicos da área basal. Suas finalidades incluem a determinação da área de suporte e de seus limites funcionais, o alívio de freios e inserções, a reprodução dos tecidos com o mínimo de deformações e a obtenção do modelo funcional, de modo que suas características anatômicas moldadas sejam transferidas para a base da futura prótese.
A moldagem funcional deve apresentar máxima cobertura dos tecidual, adaptação íntima aos tecidos, fidelidade na reprodução dos detalhes anatômicos, bordas compatíveis com a função, selado periférico efetivo, tecidos de suporte não distorcidos e mínima compressão sobre as áreas de alivio.
Os materiais de moldagem podem ser pasta zinco-eugenólica ou elastômeros. Para o vedamento periférico pode-se utilizar a godiva de baixa fusão, devido a sua fluidez, adesividade, rigidez e estabilidade dimensional, além da facilidade e rapidez de manipulação.
Moldagem do selado periférico
No arco superior:
- Fundo de vestíbulo bucal e labial
- Freio labial
- Término posterior (região de postdaming)
No arco inferior
- Chanfradura do masseter
- Fundo de vestíbulo labial e bucal
- Fossa distolingual ou retroalveolar
- Flange sublingual
- Freio lingual
A moldagem do selado periférico vestibular é realizada pela a ação de sucção, do periférico lingual pelo ato de degluticação e moldagem do corpo é executada pela técnica de compressão.
Moldagem com compressão
É indicado para rebordo normal e reabsorvido (compressão da mucosa é normal)
Moldagem sem compressão
Indicado para rebordo sem retenções, fibromucosa lisa e aderente, fibromucosa flácida generalizada.
Moldagem pela técnica de janela de compressão
Utilizada para rebordo reabsorvido na região anterior, associada a fibromucosa flácida na referida região.
Na confecção do modelo de trabalho, para preservar a borda do molde funcional integra, deve-se realizar encaixotamento lateral.
Moldagem de Transferência
Transfere posição de implantes, copings e demais infra-estruturas protéticas.
Desinfecção dos Moldes
- Glutaraldeído 2% por 10 minutos: pasta zinco-eugenólica, mercaptanas e silicones.
- Hipoclorito de sódio 1% por 10 minutos: poliéter.
Modelo Funcional
Provém da moldagem funcional e é utilizado para a confecção da base de prova e como matriz da base da prótese. Deve ser vazado com gesso pedra especial cobrindo todo o molde e a sua base confeccionada com gesso pedra. A altura do modelo superior deve se de 1 cm e do inferior 1 cm na região anterior e 1,5 na região posterior.
Referências
Livro Prótese Total e Prótese Parcial Removível – Série Abeno: Odontologia Essencial – Parte Clínica. Autor(es): Colaboradores; Sérgio Russi; Eduardo P. Rocha. Editora: Artes Médicas. Edição: 1ª/2014
DANIEL TELES. PRÓTESE TOTAL CONVENCIONAL E SOBRE IMPLANTES-1ª Ed-2009-