A prótese total pertence ao grupo das próteses removíveis e pode ser definida como um aparelho removível que repõe todos os dentes e estruturas associadas da maxila e da mandíbula, alteradas pela edentação total, devolvendo a função mastigatória, restabelecendo a estética, fonética e conforto ao paciente.

Em relação ao sistema de retenção e suporte, um prótese pode ser:

  • Muco-suportadas
  • Dento-muco-suportadas
  • Dento-retidas e muco-suportada
  • Implantorretida e mucosossuportada
  • Implanto-retida e implanto-muco-suportada (overdenture)

Finalidades da Prótese Total

  • Recuperar a mastigação e a deglutição
  • Favorecer a fonética
  • Recuperar a estética
  • Melhorar a posição dos côndilos na ATM
  • Recuperar a dimensão vertical
  • Evitar a anteriorização da mandíbula
  • Minimizar a reabsorção óssea
  • Promover conforto físico e psicológico do paciente
  • Melhorar a atividade mastigatória e da mímica
  • Contribuir para a qualidade de vida e integração social

Formato do rebordo alveolar

Em relação as formas de rebordo residual, podem haver basicamente 4 formatos: horizontal, descendente distal, ascendente distal e descendente-ascendente. A topografia do rebordo alveolar tem influência direta na dissipação de forças mastigatórias que, sempre que possível, deve ser distribuída de forma perpendicular e homogênia por toda a superfície do rebordo (Elbrecht, 1943).

O rebordo horizontal é considerado o mais favorável, devido a distribuição mais homogênea das cargas mastigatórias, já os rebordo inclinados (ascendente distal, descendente distal ou descendente-ascendente) devido a geração de forças horizontais e oblíquas podem comprometer a integridade do rebordo alveolar residual.

Retenção e Estabilidade

Uma prótese total deve proporcionar retenção física/fisiológica (forças verticais) e estabilidade (forças horizontais e rotacionais).

Fatores Físicos (retenção)

A retenção é em sentido vertical e depende dos princípios físicos como adesão, coesão, tensão superficial, pressão atmosférica e selamento periférico.

A coesão é obtida através da força de atração entre moléculas idênticas (moléculas de saliva) e a adesão é a força de atração entre moléculas diferentes (moléculas de saliva e/ou mucosa prótese) e é proporcional a superfície de contato.

A tensão superficial está ligada a capacidade da saliva, que por este fato, ela forma um menisco que acompanha os movimentos das próteses impedindo a penetração do ar entre a mucosa e as bordas das mesmas. Se o movimento for excessivo, a tal ponto de ultrapassar o limite da tensão superficial, teremos o rompimento do menisco e a penetração do ar e desprendimento da prótese.

A pressão atmosférica ocorre quando a prótese está em íntimo contato com a mucosa e a saliva veda toda a extensão de sua borda, qualquer tração que tenta a deslocá-la cria-se, no seu interior, uma câmara de pressão reduzida.

O selamento periférico é representado pela adaptação das bordas da prótese aos tecidos moles e de suporte. O selamento periférico é devido à adaptação das bordas da dentadura aos tecidos circunvizinhos, na região do sulco gengivo-labial, fundo de sulco gêngivo-bucal, limite palato duro/mole e fornix.

Fatores fisiológicos (retenção)

  • Grau de tonicidade das inserções musculares e tecidos adjacentes
  • Consistência da fibromucosa de revestimento
  • Tamanho do arco
  • Tipo e quantidade de saliva

Fatores psicológicos (retenção)

Dependente de uma atitude e motivação, onde a cooperação do paciente aumenta a retenção o paciente pessimista causa uma influência negativa.

Fatores mecânicos (retenção)

  • Limites periféricos da prótese: As bordas devem preencher anatômica e funcionalmente os sulcos vestibular e lingual para obter-se um selado periférico correto e eficaz.
  • Oclusão/articulação: a carga oclusal deve ser direcionadas em cúpides e fossas, toques no lado de trabalho e balanceio, ausência de toques efetivos anteriores.
  • Raízes residuais: pode ser utilizadas para overdentures
  • Implantes Osseointegrados: próteses implanto retidas
  • Cirúrgicos: para intervenção em características anatômicas para aumento e/ou melhoria da área chapeável, como em cirurgia dos tecidos duros: restos radiculares, dentes não erupcionados, remoção de torus e exostoses, tuberosidade lingual, redução da tuberosidade óssea maxilar e alveoloplastia.

Estabilidade

É a capacidade da prótese resistir as forças funcionais horizontais que tendem a alterar sua relação com o suporte ósseo. Deve-se haver um equilíbrio entre o balanceio, altura do rebordo, oclusão e articulação.

Fatores para a estabilidade:

  1. A relação da base da dentadura com os tecidos subjacentes;
  2. A relação da superfície externa e da borda com a musculatura circunjacente;
  3. A relação das superfícies oclusais antagonistas: os dentes devem manter uma oclusão confortável, sem contatos prematuros e/ou deflectivos ao primeiro contato para não gerar instabilidade. Os dentes artificiais devem ser montados sobre a crista do rebordo alveolar para que a transmissão das forças seja feita de tal forma a não criar uma alavanca.
  4. Direção das forças de fechamento
  5. Ação dos músculos sobre dentes e superfície da prótese

A educação funcional é a capacidade do indivíduo de adaptar-se à prótese total de tal forma que a mesma passe a fazer parte integrante do organismo.

Oclusão

  • Centrica (ORC)
  • Balanceada
  • Ausência de toques efetivos anteriores

Requisitos Estéticos

  • Dimensão vertical de oclusão
  • Seleção dos dentes
  • Montagem dos dentes
  • Porção gengival da base

Requisitos fonéticos / Dificuldade de Fonação

  • Diminuição do espaço da cavidade bucal
  • Imobilização parcial de lábio e língua
  • Espessura do palato (timbre de voz)
  • DVO (pronúncia sibilante)
  • Disposição dos dentes (sílabas dentais)

 

Referências

TAMAKI, Tadachi; Dentaduras Completas; 4ªEdição, SARVIER, 1983.

TURANO, J.C. & TURANO, L.M.; Fundamentos de Prótese Total, 8ªEdição, SANTOS, 2007.

GENARI FILHO, Humberto; REQUISITOS FUNCIONAIS E FÍSICOS EM PRÓTESES TOTAIS; Revista Odontológica de Araçatuba, 26(1):36-43, jan./jun., 2005.

ELBRECHT, A. De la prótesis y de su construccio. Rev. Odontol. v.31, n. 1, p.15- 32, 1943.