A abertura coronária permite a localização, a limpeza, desinfecção e anatomização do sistema de canais radiculares, é um conjunto de procedimentos, que vai desde o acesso a câmara pulpar, seu preparo, sua limpeza, anti-sepsia e a localização dos orifícios de entrada dos canais radiculares. Para que seja corretamente executada, deve-se seguir os seguintes conceitos estabelecidos, como: ponto de eleição, direção de trepanação, remoção do teto, desgaste compensatório, forma de conveniência e a forma de contorno. Além disso, algumas estruturas anatômicas (ponte de esmalte, faces proximais) devem ser conservadas e cuidados devem ser tomados para evitar o deslocamento de microrganismos para dentro dos canais radiculares.
Ponto de Eleição
É área escolhida para iniciar a abertura coronária e possibilitar o acesso a câmara pulpar. Varia de acordo com a anatomia do dente, e deve ser executada com toques leves e suaves com uma ponta diamantada esférica (1012, 1014) com tamanho variável compatível com a câmara pulpar, conforme observado na radiografia inicial periapical.
Incisivos e Caninos Superiores e Inferiores
- Centro da face Palatina, mais ou menos 2 mm acima do cíngulo nos inferiores e abaixo do cíngulo nos superiores.
1º e 2º pré-molar superior, 2º pré-molar inferior
- Porção central do sulco principal
1º pré-molar inferior
- Fossa mesial da superfície Oclusal.
1º Molar superior
- Fossa Central ( 03 raízes e 04 canais).
- Raízes
- 01 palatina (mais longa e ampla)
- 01 disto-vestibular (mais curta)
- 01 meso-vestibular (maior variedade anatômica)
- Canais
- 01 palatino: abaixo da cúspide meso-palatina
- 01 meso-vestibular: cúspide meso-vestibular
- 01 meso-palatino: entre o canal meso-vestibular e o canal palatino
- 01 disto-vestibular: distal ao canal meso-vestibular ligeiramente para a lingual.
1º Molar inferior
- Fossa Central ( 01 raiz mesial – 02 canais e 01 raiz distal – 01 canal)
Direção de trepanação e remoção do Teto
É a inclinação dada a ponta diamantada com a finalidade de alcançar a câmara pulpar, para permitir o acesso ao canal radicular. Para verificar o acesso a câmara pulpar utiliza-se a ponta reta da sonda exploradora.
O teto deve ser removido de dentro para fora com movimentos de pinceladas. Para verificar a ocorrência de retenções deve-se utilizar a ponta angulada da sonda exploradora.
Incisivos Superiores e Inferiores e Caninos Superiores e Inferiores
- Perpendicular ao longo eixo do dente até ultrapassar a espessura do esmalte, tornando depois quase paralela ao longo eixo, até atingir a câmara pulpar. A borda incisal não deve ser tocada pela ponta diamantada.
1º pré-molar superior
- Paralela ao longo eixo do dente até ultrapassar a espessura do esmalte, em seguida inclinar levemente para a raiz palatina (canal que apresenta maior calibre) até atingir a câmara pulpar. A remoção do teto estende-se da região palatina até a vestibular em busca do canal vestibular. Não desgastar as paredes mesial e distal.
2º pré-molar superior:
- Paralela ao longo eixo do dente até ultrapassar a espessura do esmalte, inclinando levemente para a face palatina até alcançar a câmara pulpar.
1º pré-molar inferior:
- Inicialmente perpendicular ao plano oclusal até ultrapassar a espessura do esmalte, posiciona a ponta diamantada paralela ao longo eixo do dente e inclinar levemente em direção distal, até alcançar a câmara pulpar.
2º pré-molar inferior:
- Paralela ao longo eixo do dente até ultrapassar a espessura do esmalte.
1º Molar superior:
- Paralela ao longo eixo do dente até ultrapassar a espessura do esmalte e depois inclinado ligeiramente no canal mais amplo, geralmente o palatino. A remoção do teto se deve após encontrada o canal palatino, a ponta é direcionada para a região disto-vestibular em busca do canal disto-vestibular e em seguida para a região meso-vestibular (canal meso-vestibular, meso-palatino).
1º Molar inferior:
- Paralela ao longo eixo do dente até ultrapassar a espessura do esmalte e depois ligeiramente voltado para a direção distal, buscando a embocadura do canal distal. Na remoção do teto após atingir a câmara pulpar, direciona a ponta diamantada a partir do canal distal em direção do canal meso-vestibular, e posteriormente para o canal meso-lingual.
Desgaste compensatório
Tem por objetivo fazer a remoção da projeção interna do cíngulo com a broca endo-z. Nos incisivos inferiores utiliza-se uma ponta diamantada troncocônica com morfologia de ponta de lápis.
Forma de conveniência
Forma resultante do desgaste compensatório que irá facilitar a visualização e a instrumentação do canal radicular e tornar as paredes divergentes para a incisal nos dentes anteriores e divergentes para a oclusal nos dentes posteriores.
- Incisivos Superiores e Inferiores e Caninos Superiores e Inferiores
- A ponta deve ser direcionada para a raíz lingual/palatina, sem tocar a borda incisal
- 1º pré-molar superior, 2º pré-molar superior e 2º pré-molar inferior
- Remover a constrição cervical, o desgaste ocorre com a ação da broca endo-z direcionada para a parede vestibular e palatina.
- 1º pré-molar inferior
- Remover o estreitamento cervical, a broca deve ser usada em todas as paredes sem destruir a crista marginal e a ponte de esmalte.
- 1º Molar superior e 1º Molar inferior
- Remover a convexidade da parede Medial
Forma de contorno
Formato obtido após o término da abertura coronária variando de acordo com a anatomia dos diversos grupos de dentes.
- Incisivos Superiores e Inferiores
- Triangular com a base voltada para face incisal.
- Caninos Superiores e Inferiores
- Formato de elipse, chama ou ponta de lança.
- 1º pré-molar superior
- Ovóide ou elipsoide com o maior diâmetro no sentido vestíbulo palatino.
- 1º pré-molar inferior
- Ovóide ou circular.
- 2º pré-molar superior
- Ovóide (jovens) e circular (idosos com 01 canal) caso apresente 2 canais anatomia é semelhante ao 1º PMS.
- 2º pré-molar inferior
- Ovóide
- 1º Molar superior
- Triangulo (3 canais – ápice na palatina e base na vestibular)
- Trapezoidal (4 canais).
- 1º Molar inferior
- Triangulo (3 canais – ápice na distal e base na mesial)
- Trapezoidal (4 canais).
Ilustrações
Referências
SAYÃO, Sandra Passo a passo da Endodontia: visão do aprendiz, 2 Ed, Ed Santos, 2007.
SAYÃO, Sandra Endodontia: ciência, tecnologia e arte: do diagnóstico ao acompanhamento, 2 Ed, Ed Santos, 2007.
LOPES, H.P., SIQUEIRA Jr, J.F. Endodontia. Biologia e técnica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.