Atualmente a resina composta é largamente utilizada em restaurações estéticas diretas e existem no mercado resinas de excelente qualidade que apresentam boa estabilidade de cor, resistência ao desgaste superficial, opacidade adequada, cores diversificadas, o que favorece o resultado estético final e a durabilidade do resultado obtido. Contudo, as resinas apresentam desvantagens inerentes como instabilidade de cor, desgaste e contração de polimerização, o que pode resultar em restaurações de curta longevidade (BARATIERI, 2002).

É formada pela associação de uma matriz orgânica (BIS-GMA – bisfenol-A glicidilmetacrilato) a partículas inorgânicas (quartzo sílica coloidal) envolvidas por um agente de união (vinil silano). Para diminuir a viscosidade da matriz orgânica, facilitando sua manipulação e inserção na cavidade, são adicionados monômeros de baixa viscosidade, como TEGDMA (trietileno glicol dimetacrilato) e EDGMA (etileno glicol dimetacrilato).

Composição básica da resina composta:

  • Monômeros principais: Bis-GMA (HIDRÓFOBO), UDMA(HIDRÓFOBO), Bis-EMA, .
  • Monômeros diluentes: MMA (metilmetacrilato), EDMA ou TEGDMA, HEMA (BIFUNCIONAL)
  • Partículas de carga: quartzo, sílica, zircônio, etc.
  • Agente de união matriz resinosa e partícula de carga
  • Sistema ativador: peróxido de benzoíla, canforoquinona
  • Inibidor: hidroxitolueno butilado

Em relação a contração de polimerização das resinas compostas, temos a contração volumétrica, referente ao grau de conversão e a proporção de matriz orgânica e inorgânica e a tensão de contração, que está relacionada com o Fator- C, a velocidade de reação de polimerização, ao módulo de elasticidade e no momento de contração antes ou após a resina se tornar rígida. Um fator-C alto indica que a cavidade tem muita área de união com o dente (paredes cavitárias) e pouca superfície para escoamento das tensões.

Quanto ao escoamento, as resinas estão classificadas em:

  • Alto (baixa viscosidade): Resinas fluídas (flow), possuem pouca carga.
  • Médio (média viscosidade): Resinas Universais, híbridos e micro híbridos, adequados para dentes posteriores e anteriores.
  • Baixo ( alta viscosidade): Resinas compactáveis, aumento do volume de carga, adequados para dentes posteriores.

Sobre a rigidez do material, está relacionado o módulo de elasticidade, neste caso, quanto maior o módulo de elasticidade, maior a sua rigidez e quanto menor o módulo de elasticidade, menos rígido é o material. Por exemplo as resinas compostas fluidas (flow) são consideradas como materiais de baixo módulo de elasticidade, por serem menos rígidas em comparação com as demais.

Cores e propriedades ópticas

  • Matiz: Distingue uma família de cor (amarelo, laranja, cinza) – A (marrom), B (amarelo), C (cinza), D (vermelho com marrom)
  • Croma: Grau de intensidade ou de saturação da Matiz, sendo divididos por números (A1, A2, A3).
    • Aumenta a medida em que a espessura do esmalte diminui (inciso-cervical).
  • Valor (brilho)
    • Luminosidade da Matiz (opacidade ou translucidez)
    • Quanto maior o valor, é mais branco e mais opaco e quanto menor o valor é mais cinza e translúcida, menos brilho.
    • Para os fabricantes de resina, o valor pode ser representado como Dentina/Opaco,  Corpo, Esmalte Cromático e Esmalte Acromático (sem saturação), onde a resina de Dentina tem um valor maior (mais opaca) em relação a resina de Corpo e o Esmalte um valor menor (mais translúcido) em relação as outras duas.
  • Efeitos Ópticos
    • Translucidez: quantidade de luz que passa pelo objeto, de forma dispersa
    • Opacidade: Não permite a passagem de luz pelo objeto
    • Fluorescência (capacidade de emissão de luz – (UV) )
    • Opalescência: característica exclusiva do esmalte, pode ser melhor observada no terço incisal do dente. A opalescência faz com que o esmalte aja como um filtro, que absorve cores azuis e permite a passagem de cores alaranjadas.
    • Contraopalescência: o esmalte que é submetido à luz transmitida tem realçadas as ondas longas, dando aspecto de laranja-vermelho.

Essas propriedades ou conceitos do sistema de cores (matiz, croma e valor) são utilizadas pela escala Vita e a grande maioria das resinas compostas utilizam o conceito de matriz como A, B, C e D. Contudo cerca de 70% a 80% dos pacientes possuem a Matiz A e 30%  a 20% a Matiz B, sendo mais simples a identificação da Matriz na porção cervical do dente. (HIRATA; AMPESSA; LIU, 2001).

Sistemas de resinas compostas

Macropartículas

Possuíam carga de 08 a 12 micrômeros, devido a grande dimensão dessas partículas, essas resinas apresentavam grande rugosidade superficial e dificuldade na obtenção do polimento.

Micropartículas

Aprimoramento das resinas de macropartículas, com uma quantidade limitada de carga (aproximadamente 52% de seu peso), sendo a sílica coloidal a sua partícula fundamental, o diâmetro dessas partículas variam de 0,01 a 0,04 micrômetros. A vantagem dessas resinas é o alto grau de polimento, porém devido a grande quantidade de matriz inorgânica possuem baixa resistência mecânica e alto grau de adsorção de pigmentos que pode resultar em manchamentos.

Híbridas

Estas apresentavam 80% de seu peso em partículas de carga inorgânica e os tamanhos médios das partículas variam de  0,6 a 1,0 micrômetros. Possuem maior resistência mecânica a estresse oclusal, porém com menor grau de polimento e duração deste.

Microhíbridas

Ocorreu uma redução do tamanho das partículas maiores das híbridas em torno de 0,4 micrômetros, com valores próximos de 60 a 65% de seu peso em carga, oferecendo maior qualidade de polimento. Sendo uma junção de micropartículas maiores com menores.
Possuem boas propriedades mecânicas, sendo indicadas em restauração de dentes anteriores e posteriores.

Nanohíbridas

Modificação das resinas das resinas microhíbridas com a incorporação de nanopartículas, que apresentavam partículas entre 0,04 e 3,0 micrômetros, com valores próximos a 76% de carga e possuem as mesmas características das microhíbridas.
É uma junção de micropartículas maiores com menores e entre ambas partículas nano. Essa configuração pode aumentar a resistência da resina composta, uma vez que aumentou o número de carga e devido as partículas nano, favorecem o  polimento dessas resinas.

Nanoparticuladas

Modificação das resinas microhíbridas, com partículas aglomeradas e muito pequenas de 5 a 20 nanômetros e com valores próximos a 65 a 78% de seu peso em carga. A resina Filtek Supreme XT (3M ESPE) é a representante dessa categoria de resina atualmente disponível no mercado. São consideradas de uso universal, porque possuem boas propriedades mecânicas e ótima estética, com lisura e manutenção do polimento.

Supranano

Esse grupo de resinas possuem partículas maiores que a Nano, porém, com formato mais arredondado, esféricas. Essa configuração favorece a manutenção a longo prazo do brilho dessas resinas, contudo pode diminuir a resistência. Entre as resinas representantes deste grupo, estão as da marca Japonesa: Tokuyama.

Resinas Bulk Fill (baixa contração)

  • Podem ser classificadas em baixa viscosidade ou flowable, de consistência regular ou de alta viscosidade.

  • Melhor adaptação ás paredes da cavidade permitindo um menor desenvolvimento de tensões de contração de polimerização, desta foram são indicadas como base de restaurações classe II, para melhorar a adaptação do material nas porções mais profundas da cavidade e amortecimento das tensões.
  • Uso de incrementos mais espessos: Devido ao desenvolvimento da dinâmica do fotoiniciador (canforoquinona, leucina e PPD) e do aumento da translucidez, que permite uma penetração adicional da luz e maior profundidade de polimerização.
  • A formulação dessas resinas leva a uma polimerização mais controlada
  • Um modulador de polimerização foi adicionado para ajudar os monômeros a formar uma rede polimérica mais flexível e de formação mais lenta, compensa o efeito de contração volumétrica, levando a uma menor tensão de contração.

Referências

BARATIERI, L. N.; Monteiro Jr, S. et al. Odontologia Restauradora: Fundamentos e Possibilidades. São Paulo: Ed. Santos/2 a . Edição, 2015.

MONDELLI, J. et al. Fundamentos de Dentística Operatória. São Paulo: Ed. Santos/1a . Edição, 2006.

HIRATA, R.; AMPESSAN, R.L.; LIU, J. Reconstrução de dentes anteriores com resinas compostas – uma seqüência de escolha e aplicação de resinas. Jornal Brasileiro de Clínica & Estética em Odontologia, v.5, n.25, p., jan./fev, 2001.