Cistos palatinos do recém nascido

Características

  • Origem: fusionamento das cristas palatinas e remanescentes de glandulas salivares menores do palato, conhecidos como Pérolas de Epstein ou Nódulos de Bohn.
  • São comuns em 55% a 85% dos neonatos, comuns na crista do rebordo alveolar
  • Pápulas brancas ou branco-amareladas.
  • Aparecem mais comumente ao longo da linha média, na junção do palato duro com o mole.
  • Grupo de 2 a 6 cistos ou isoladamente.

Pérolas de Epstein. Pequenos cistos preenchidos por queratina na junção do palato duro com o mole (Fonte: Neville, 2016).

Cisto gengival do recém nascido (Fonte: Tommasi, 2014).

Histopatológico

  • Cistos preenchidos por queratina, revestidos por epitélio pavimentoso estratificado.

Tratamento

  • Não necessário

Cisto nasolabial (cisto nasoalveolar ou cisto de klestadt)

Características

  • Origem: remanescente do epitélio do ducto nasolabial
  • Elevação da asa do nariz
  • Apaga o sulco mucolabial
  • Maior prevalência entre 30 a 40 anos
  • Predileção pelo gênero feminino​

Cisto Nasolabial. Observe a tumefação abaixo da asa do nariz (Fonte: Neville, 2016)

Cisto Nasolabial. Visão intra-oral (Fonte: Neville, 2016)

Histopatológico

  • Revestido por epitélio colunar estratificado, exibindo muitas vezes células caliciformes e ciliadas
  • A parede do cisto é composta de tecido conjuntivo fibroso com tecido muscular esquelético adjacente

Tratamento

  • Remoção cirúrgica
  • Reicidiva rara

Cisto globumaxilar

Características

  • Origem: Remanescentes epiteliais do ectoderma participante da formação da face e cavidade oral
  • Entre o canino e incisivo lateral superior
  • O aspecto radiográfico: lesão radiolúcida bem-circunscrita entre as ápices do dente, com aspecto de pêra invertida

Histopatológico

  • Epitéio pavimentoso estratificado com inflamação
  • Características histopatológicas específicas de um ceratocisto odontogênico ou de um cisto periodontal lateral

Tratamento

  • Remoção cirúrgica
  • Tratamento endodôntico caso o dente esteja sem vitalidade

Cisto dentígero

Características

  • Pode ter natureza inflamatória
  • Conhecido como Cisto folicular devido a separação do folículo da coroa de um dente incluso
  • Tipo mais comum: 20% dos cistos maxilares e raro na dentição decídua
  • 3º molares inferiores (65%) e caninos superiores inclusos
  • Relacionado com odontomas e supranumerários
  • Maior prevalência entre 10 a 30 anos
  • Aspectos radiográficos: radiolucidez associada a coroa de um dente incluso
  • Variações radiográficas pode ser central, lateral e circunferencial
  • Ocorre reabsorção radicular e deslocamento dos dentes
  • Não inflamado
    • capsula de tecido conjuntivo fibroso frouxo
    • revestimento epitelial fino e não queratinizado
  • Inflamado
    • parede fibrosa da cavidade cística possui mais colágeno com infiltrado inflamatório crônico

Cisto Dentígero (Fonte: Neville, 2016).

Cisto Dentígero (Fonte: Neville, 2016).

Cisto Dentígero, variante circunferêncial ao longo da raízes mesial e distal do dente incluso (Fonte: Neville, 2016).

Cisto Dentígero com folículo aumentado(Fonte: Neville, 2016).

Histopatológico

  • Epitélio escamoso com hiperplasia
  • Com queratina

Tratamento

  • Se associado a dentes viáveis e houver o correspondente decíduo, não realizar a marsupialização, apenas remover o decíduo e fenestrar. Caso não haja o correspondente decíduo realizar a marsupialização.
  • Se associado a dentes não viáveis enucleação total com exérese do dente associado.
  • Em casos de tamanhos aumentados que podem comprometer tecidos importantes, realizar a descompressão para posterior enucleação.
  • Recidiva rara

Cisto de erupção

Características

  • Análogo do cisto dentígero no tecido mole
  • Tumefação mole, translúcida na mucosa gengival
  • Crianças com menos de 10 anos e mais comuns nos molares inferiores
  • Traumatismo: cor púrpura ou castanha (hematoma de erupção)

Cisto de Erupção (Fonte: Neville, 2016).

Histopatológico

  • Epeitélio oral na parte superior e infiltrado inflamatório variável na lamina própria
  • Camada fina de epitélio pavimentoso não queratinizado

Tratamento

  • Não necessita tratamento, porém pode ser realizado uma ulotomia para apressar a erupção do dente permanente.

Cisto periodontal lateral (botrióide)

Características

  • Origem : restos de lâmina dentária
  • Localiza-se na superfície lateral da raiz do dente vital
  • 50 a 70 anos, raro antes dos 30 anos
  • Maior prevalência no sexo masculino
  • Acomete mais o incisivo lateral, caninos e pré-molares inferiores
  • Assintomático

Cisto Periodontal Lateral (Fonte: Neville, 2016).

Cisto Periodontal Lateral (Fonte: Neville, 2016).

Histopatológico

  • Revestimento epitelial cúbico fino 1 a 3 camadas exibindo áreas de espessamento modular compostas principalmentes por células claras
  • Cápsula fina

Tratamento

  • Enucleação conservadora
  • Recidiva rara

Queratocistos – TOC/Ceratocisto Odontogênico

Características

  • Origem: restos Celulares da lâmina dentária
  • Apresenta mecanismo diferente de crescimento e comportamento biológico comparado ao cistos dentígeros e radiculares, podendo estar relacionado a fatores genéticos ou atividade enzimática na parede fibrosa do cisto
  • Denominado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)  como Tumor Odontogênico Queratocisto ou Ceratocisto – TOC e posteriormente, em 2017 (4ª edição da Classificação da OMS de Tumores de Cabeça e Pescoço) retornou à categoria de cisto, como Ceratocisto Odontogênico.
  • Grande potencial de crescimento comparado com a maioria dos cistos odontogênicos
  • Alto indice de recidiva
  • Possível associação com a síndrome do carcinoma nevóide basocelular
  • Maior acometimento na mandíbula com envolvimento do corpo posterior e do ramo da mandíbula
  • Radiograficamente exibem uma área radiolúcida, com margens radiopacas bem definidas, lesões grandes podem se apresentam multiloculadas.
  • A reabsorção das raízes dos dentes erupcionados adjacentes aos queratocistos é menos comum do que a notada com o s cistos dentígeros e radicular

Queratocisto envolvendo a coroa de um pré-molar. Radiograficamente não pode ser diferenciado de um cisto dentígero (Fonte: Neville, 2016).

Queratocisto. Envolvendo a maior parte do ramo da mandíbula (Fonte: Neville, 2016).

Histopatológico

  • Exibe cápsula delgada, friável, provoca dificuldade de enucleação do osso em uma peça única

Tratamento

  • Enucleação completa e tratamento complementar com crioterapia ou osteotomia periférica ou aplicar a solução de Carnoy.
  • Lesões grandes: descompressão e posterior enucleação com tratamento complementar.

Referências

Neville W. Brad, Damm D. Douglas; PATOLOGIA ORAL E MAXILOFACIAL 4º EDIÇÃO, 2016

TOMMASI, Maria Helena M.; Diagnostico em Patologia Bucal, 4º ed. , 2014

SAYÃO, Sandra Endodontia: ciência, tecnologia e arte: do diagnóstico ao acompanhamento, 2 Ed, Ed Santos, 2007.