Embriologia (odontogênese)

O periodonto inicia-se na fase embrionária, quando as células da crista neural migram para o primeiro arco braquial. Após a formação da lâmina dental inicia-se uma série de processos (estágio de botão ou broto, estágio de capuz, estágio de campânula, aposição ou coroa e maturação ou raiz) que resultam na formação de um dente e seus tecidos periodontais, incluindo o osso alveolar propriamente dito.

Durante o estágio de capuz, ocorre a formação do germe dental a medida que o órgão do esmalte toma forma de capuz e circunda a papila dental interna, células ectomesenquimais condensam-se em relação ao epitélio oral (órgão dental), formando a papila dentária que dá origem a dentina e a polpa, e o folículo dentário que origina os tecidos periodontais de suporte.

O desenvolvimento da raiz e dos tecidos periodontais segue-se ao da coroa. O órgão dental proliferam na região apical, formando a bainha radicular epitelial de HERTWING, que sintetizam e liberam proteínas relacionadas ao esmalte.

Nutrição do periodonto

  • Vasos do ligamento periodontal
  • Vasos intrasseptais
  • Vasos supraperiosteais

Via linfática do periodonto

  • Nódulos Linfáticos Submentonianos– gengiva vestibular e lingual da região de incisivos inferiores.
  • Nódulos Linfáticos Cervicais Profundos – tecido gengival palatino da maxila.
  • Nódulos Linfáticos Submandibulares – tecido gengival vestibular da maxila e da face vestibular e lingual da região de pré-molares inferiores.
  • Nódulos Linfáticos Jugulo-Digástricos – terceiros molares.

Invervação do periodonto

Existem 2 tipos de inervação (nervo trigêmio e seus ramos cervicais):

  1. Mecanocepção – Sensação de dor, pressão e tato no tecido gengival, cemento, ligamento periodontal e osso alveolar. E possuem seu centro trófico no gânglio semilunar.
  2. Propriocepção – Somente no Ligamento Periodontal. Responsável pela sensibilidade profunda e informação relativa a movimentos e posições.

O ligamento periodontal além de mecanoceptores possuem também proprioceptores, que possuem seu centro trófico no núcleo mesencefálico. Assim, os receptores do ligamento periodontal associado a receptores de músculos e tendões desempenham um papel essencial na regulação dos movimentos e forças da mastigação.

 Gengiva

A gengiva livre ou marginal compreende todas as estruturas epiteliais e do tecido conjuntivo localizadas coronariamente a uma linha horizontal que passa no nível da junção cemento-esmalte. O epitélio que recobre a gengiva livre pode ser diferenciado da seguinte forma: epitélio oral, epitélio  do sulco e epitélio juncional.

Na interface das células epiteliais com o tecido conjuntivo há uma delgada lâmina de um complexo de macromoléculas denominada lâmina basal. O conjunto constituído pela lâmina basal e pelas fibras do tecido conjuntivo que estão muito próximas à lâmina basal é visível ao microscópio de luz e é denominado membrana basal. As células epiteliais estão, portanto, sempre apoiadas sobre uma lâmina basal.

Epitélio Oral

É voltado para a cavidade oral, do tipo epitélio pavimentoso/escamoso estratificado queratinizado, que compreende a gengiva livre (marginal), gengiva inserida e gengiva interpapilar, até a linha muco gengival. Possui alta taxa de renovação celular (10 a 15 dias).

  1.   Epitélio Queratinizado (ortoqueratinizado) formado pelos seguintes estratos(camadas):
    • Basal: situada acima da Membrana Basal, formada por células basais de formato colunar ou cúbicas com núcleo arredondado, com grande atividade mitótica e material genético forte (estrato germinativo).
    • Espinhosa: situada acima da camada Basal, possui grande quantidade de desmossomos, semelhantes a espinhos.
    • Granulosa: situada acima da camada espinhosa, formada por grânulos de queratina possui a função impermeabilidade epitelial.
    • Córnea (ceratinizada): camada superficial acima da granulosa, formado por queratinócitos.

Além das células produtoras de queratina (90%), o epitélio oral contém, ainda, os seguintes tipos de célula:

  • Melanócitos (pigmentação por melanina);
  • Célula de langerhans (defesa);
  • Células de merkel (sensorial);
  • Células inflamatórias.

 Epitélio do Sulco:

É voltado para o dente, porém sem entrar em contato com a superfície do mesmo, é do tipo epitélio pavimentoso estratificado paraqueratinizado.

  • Possui quatro camadas celulares:
      • Basal (estrato germinativo);
      • Espinhosa;
      • Granulosa
      • Ceratinizada (córnea).

Epitélio juncional

 Promove o contato da gengiva com a superfície do dente. É do tipo epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado, possui apenas 2 camadas celulares (basal e espinhosa). Alta renovação celular (6 a 7 dias). Aderido a superfície dental, em superfície de esmalte no nível da junção cemento-esmalte, pela membrana basal. Na gengiva sem inflamação, as cristas epiteliais, estão presentes no epitélio oral e no epitélio do sulco, no epitélio juncional, essas estruturas estão ausentes.

 

Na gengiva sem inflamação, as cristas epiteliais estão presentes no epitélio oral e no epitélio do sulco, enquanto que, no epitélio juncional essa estruturas estão ausentes.
(Fonte: LINDHE, 2010)

 Tecido Conjuntivo (lâmina própria)

É o componente tecidual predominante da gengiva. Os principais constituintes do tecido conjuntivo são as fibras colágenas (60% do volume), fibroblastos (5%) e vasos e nervos (35%).

Os diferentes tipos de células do tecido conjuntivo são:

  • Fibroblastos;
  • Mastócitos (processo inflamatório);
  • Macrófagos (fagocitose);
  • Células inflamatórias (granulócitos neutrófilos: leucócitos poliformonucleares, linfócitos e plasmócitos).

O fibroblasto é a célula dominante do tecido conjuntivo (60%), relacionado com a produção de vários tipos de fibras e síntese da matriz do tecido conjuntivo.

As fibras do tecido conjuntivo são produzidas pelos fibroblastos e podem ser divididas em:

  • Fibras colágenas: predominante no tecido conjuntivo gengival e constituem o mais importante dos componentes do periodonto. Cementoblastos e osteoblastos são células que também possuem a capacidade de produzir colágeno.
  • Fibras reticulares: possuem propriedades argirófilas (captar prata) e numerosas no tecido adjacente a membrana basal e tecido conjuntivo frouxo que circunda os vasos sanguíneos, desta forma, estão presentes nas interfaces epitélio-tecido conjuntivo e endotélio-tecido conjuntivo.
  • Fibras oxitalâmicas: escassas na gengiva, porém numerosos no ligamento periodontal.
  • Fibras elásticas: presentes no tecido conjuntivo da gengiva e do ligamento periodontal apenas em associação com os vasos sanguíneos.

Feixes de Fibras Gengivais

De acordo com a sua inserção e trajetória que seguem no tecido podem ser divididos nos seguintes grupos:

  • Fibras circulares: dispostos na gengiva livre e que circundam o dente em forma de um anel.
  • Fibras dentogengivais: estão embutidas no cemento da porção supra-alveolar da raiz, de onde se projetam a partir do cemento, em forma de leque, em direção ao tecido gengival livre das superfícies vestibular, lingual e interproximal.
  • Fibras dentoperiósteas: inseridas na mesma porção do cemento que as fibras dentogengivais, porém fazem trajetória em sentido apical sobre a crista óssea.
  • Fibras transeptais: seguem um trajeto retilíneo  sobre o septo interdentário e estão inseridas no cemento dos dentes adjacentes. Esta fibra é seccionada na técnica circunferencial de fribrotomia supra-óssea.

DGF: Feixes de Fibras Dento Gengivais
CF: Feixes de Fibras Circulares
DPF: Feixes de Fibras Dentoperiósteas
(Fonte: LINDHE, 2010)

Referências

LINDHE, J. Tratado de periodontologia clínica e implantologia oral, 5 o ed., Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2010.